
Cannes Lions anuncia novas regras de integridade após polêmica com DM9
O Cannes Lions anunciou nesta quinta-feira (10) um novo conjunto de regras de integridade e governança para suas premiações, válidas a partir de 2026. As mudanças chegam em resposta à recente polêmica envolvendo a campanha “Economia Eficiente de Energia”, da agência DM9 para a Consul, que teve seu Grand Prix em Creative Data cassado após a constatação de informações manipuladas por inteligência artificial no videocase apresentado, em um escândalo que foi notícia aqui no Live MKT News.

A medida foi acelerada pelo caso da DM9, que, além de perder o Grand Prix em Creative Data, teve outras campanhas desclassificadas e devolveu prêmios conquistados em Brand Experience & Activations e outros com peças para a OKA Biotech e a Urihi Yanomami. A agência também anunciou o afastamento do seu Chief Creative Officer, Ícaro Doria, e se comprometeu a criar um Comitê de Ética em Inteligência Artificial. A Consul, por sua vez, rompeu oficialmente o contrato com a DM9 dias após o escândalo.
Com a perda de prêmios, a DM9 caiu de 21 para 9 Leões na edição de 2025 do festival, mantendo reconhecimentos apenas pelas campanhas para iFood, KFC e MRV.
O festival revelou que irá adotar um novo framework baseado em cinco pilares: responsabilidade sobre autoria, veracidade das informações, penalidades por má conduta, análise imparcial de casos duvidosos e maior transparência nos processos.
Novas regras
O novo conjunto de regras de integridade e governança inclui:
Autoria e responsabilidade
A partir de 2026, todo trabalho inscrito no Cannes Lions deverá contar com uma validação oficial assinada pelo principal executivo da empresa participante e por um representante sênior do anunciante. Essa exigência se aplicará a todos os tipos de materiais submetidos — incluindo vídeos, textos, dados e métricas — e a declaração precisará confirmar que todas as informações são reais, checadas e fundamentadas em fatos.
Veracidade das informações
O festival vai adotar um processo de verificação em duas etapas: uma revisão feita manualmente e outra conduzida por inteligência artificial. Ambas irão analisar a autenticidade das afirmações feitas nos cases. Além disso, os jurados terão apoio de especialistas independentes nas áreas de dados, mensuração e impacto. Um manual específico sobre integridade no uso de IA, baseado em diretrizes da OCDE, Unesco e Partnership on AI, definirá padrões, exigências de transparência e infrações.
Penalidades para irregularidades
Trabalhos que apresentarem distorções ou manipulações poderão ser desclassificados em qualquer momento do processo — inclusive após a premiação. Em casos comprovados de fraude, as empresas envolvidas poderão ser suspensas por até três anos e perder o direito de integrar júris futuros.
Avaliação neutra e independente
Situações mais delicadas serão examinadas por um novo Conselho de Integridade, formado por especialistas com experiência jurídica, ética e de mercado. As partes envolvidas terão direito de defesa e poderão apresentar recursos dentro de prazos estabelecidos.
Governança com mais transparência
Todos os anos, o festival publicará uma Auditoria de Integridade Criativa, destacando os principais problemas identificados durante o ciclo de avaliação. A iniciativa busca garantir mais transparência, fomentar a evolução contínua dos critérios e reforçar a confiança no Cannes Lions como referência mundial em excelência criativa.
O novo conjunto de regras de integridade visa preservar a credibilidade e relevância do Cannes Lions em um cenário cada vez mais impactado por tecnologias emergentes como a inteligência artificial.
“O mercado está mudando em uma velocidade impressionante, e o festival está se adaptando”, declarou Simon Cook, CEO do LIONS.
Foto: Divulgação