Brindes da COP30 viram negócio e chegam a custar R$ 400 em marketplaces
Brindes da COP30, distribuídos gratuitamente nos pavilhões da zona azul da conferência climática passaram a movimentar um mercado paralelo na internet poucos dias após o fim da conferência do clima, realizada em Belém e encerrada em 22 de novembro.

Em marketplaces como OLX e Facebook, itens que eram entregues sem custo algum estavam sendo anunciados por valores que chegam a R$ 400.
Entre os objetos mais disputados estão os pins — pequenos broches com símbolos dos países participantes — tradicionalmente ofertados como lembrança a quem participava de atividades e plenárias nos pavilhões.
Ainda assim, a lista de itens à venda é extensa: ecobags, leques, canetas, copos, cadernos, cordões de credencial, acessórios de cabelo, pelúcias, além de peças de uniforme usadas por voluntários e equipes de montagem, como camisas, blazers e até tênis.
Até mesmo latas e caixas de água mineral com a marca da conferência foram colocadas à venda, muitas delas distribuídas em pacotes no último dia do evento e agora negociadas em grupos de WhatsApp.

China tem itens mais desejados

Os brindes da COP30 distribuídos no pavilhão da China se tornaram os mais cobiçados. Diariamente, longas filas se formavam na entrada do espaço, onde o presente mudava a cada dia: chá, leques, tiaras, ímãs de geladeira, pandas de pelúcia e, claro, pins. No mercado online, dois pins chineses chegaram a ser anunciados por R$ 300 cada. O ímã de geladeira do país, inicialmente vendido por R$ 300, já aparece por R$ 285.

O mascote da COP30, o curupira, também entrou na onda: seu pin aparece a R$ 250 na OLX e cerca de R$ 100 em grupos do Facebook.
Uniformes oficiais também são negociados
Outros brindes da COP30, como peças utilizadas por voluntários e equipes da organização entraram na lista de produtos ofertados. Um kit com pochete e chapéu estava sendo vendido por R$ 400. O tênis oficial da conferência aparece pelo mesmo valor — algumas vezes acompanhado de um pin do Brasil ou do curupira como “brinde”.
Grupo de troca e venda reúne quase 200 voluntários
No dia do encerramento da COP30, voluntários criaram um grupo no WhatsApp batizado de “Troca e venda dos brindes da COP30”, que rapidamente chegou a quase 200 integrantes. Ecobags e garrafas da Indonésia, itens da Turquia — próxima sede da conferência — e pins da Coreia do Sul e da ONU estão entre os mais procurados.
Alguns participantes conseguiram peças raras, como pins usados exclusivamente por membros da segurança de delegações, negociados quase como em um leilão. “Fiz amizade com um dos seguranças e ganhei. Se for vender, vai ser muito caro”, disse um membro do grupo.
No espaço, ofertas variam de uma pelúcia de panda, anunciada por R$ 140, a bolsas da Turquia, cuja distribuição foi limitada e que vêm sendo ofertadas apenas para troca.
Críticas e movimentações discretas
A doutoranda Letícia Marques, voluntária na conferência, explicou que o grupo surgiu para facilitar trocas entre participantes. Ela própria buscava negociar três kits idênticos que recebeu — um no treinamento, outro como voluntária e um terceiro ao se registrar como observadora de uma ONG — para tentar conseguir um pin da Malásia, que não havia encontrado.
O kit padrão incluía ecobag, garrafa, pins, tênis e miniaturas de cosméticos.
Nas redes sociais, porém, a comercialização dos brindes da COP30 vem recebendo críticas. Após a repercussão negativa, muitos participantes passaram a conduzir negociações e definir preços apenas em conversas privadas, tentando evitar maior exposição pública.
Fotos: Reprodução/OLX