Live Marketing vem ganhando espaço em eventos e festivais após a pandemia
O live marketing tem se destacado como uma das estratégias mais eficazes de marketing e publicidade ganhando assim espaço em eventos públicos, como shows e exposições. A demanda reprimida ainda tem reflexos e acaba impulsionado o sucesso dessa modalidade mercadológica.
Após ser “condenado à morte” em 2020, o segmento de brand experience por meio de ativações ressurgiu ainda mais forte no pós-pandemia, período em que especialistas, estudiosos e marqueteiros aprenderam aquilo que a gente do live marketing já sabia: não se constroem marcas sem um elo emocional com os consumidores.
Segundo dados da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), o mercado de shows gerou R$75,4 bilhões em consumo. Além de R$4,65 bilhões em impostos federais em 2023, indicando um aumento de 400% entre 2020 e 2023. O setor projeta um crescimento ainda maior nos próximos anos.
“O pessoal do marketing percebeu a importância do brand experience para construção de marcas, para mostrar os esforços em prol do regenerativo numa jornada que começa no on line, mas que não funciona sem uma ação presencial. A pandemia mostrou isso. Então, estes investimentos em estruturas físicas para colocar o consumidor dentro do universo da marca ainda estão só começando. Isso se transformou numa indústria bilionária, mas sem critérios para funcionamento. Temos clientes realizando concorrências predatórias, distantes dos conceitos de ESG apregoado pela indústria e uma legislação que não ajuda esta atividade que emprega milhões de pessoas em todo o país”, aponta.
Já o índice Promoview, principal indicador do mercado, apurou investimentos que atingiram a casa dos R$ 100 bilhões de reais por parte das empresas que utilizam estas ferramentas para construção de marcas, produtos e serviços.
Enquanto a ABRAPE mede venda de ingressos, cachês de artistas, voos, hospedagens, mídia paga e consumo nos shows o índice Promoview envolve o investimento nas atividades verdadeiramente ligadas a atividade de comunicação:
Eventos corporativos, promocionais, estandes em feiras, ativações em festivais e outros incluem: investimento em cotas de patrocínio, compra de espaços (m2), aluguel do espaço (locais), projetos cenográficos, execução de projetos em marcenaria, projetos de arquitetura e de engenharia civil, eletrônica e digital, equipamentos de áudio, luz, captação de imagens e suítes de corte, painéis de LED, sistema de credenciamento, RSVP, serviços fotográficos, radiocomunicação, cenografia em marcenaria, mobiliário, paisagismo, VTs e reuniões diversas, alimentos e bebidas adquiridos no varejo ou retirados de estoques para degustação, recursos tecnológicos, geração de energia, despesas com neutralização de carbono, atrações artísticas, cachês artísticos, de staff, de promotores e recepcionistas, de produtores, tecnicos, assistentes, compra de brindes e gifts, limpeza, segurança, ECAD e seguros.
Não incluídos: bilhetes aéreos e despesas de deslocamento e hospedagem para convidados e participantes
Sorteios e concursos incluem: planejamento e criação de ação promocional ao consumidor na modalidade sorteio, “junte e troque”, “compre e ganhe” e outras desta natureza e incluem despesas de planejamento, criação, autorizações legais, aquisição de brindes e prêmios, recolhimento de impostos, compra de mídia, ferramentas de atendimento ao consumidor e logística.
Campanhas de incentivo incluem despesas com o uso de ferramentas, ações de motivação interna nas instalações das empresas, aquisição de prêmios materiais e despesas com grupos incluindo aéreo, transfer, hospedagem, alimentação, tickets para espetáculos e entretenimento e gastos eventuais.
O administrador Carlos Calic, professor da PUC Minas, define o live marketing, objeto de estudo do Índice Promoview, como a realização de eventos ou experiências ao vivo com o objetivo de promover um serviço ou marca. Essa modalidade pode ser aplicada tanto presencialmente quanto à distância, como nas lives musicais produzidas durante a pandemia.
Calic destaca que o uso da inteligência artificial (IA) pode potencializar as possibilidades do live marketing, estimulando sensações sinestésicas para associar a marca a cheiros, gostos e outras experiências. Ele prevê que a Realidade Aumentada (RA) também pode ser incorporada em eventos menores no futuro.
Diferentemente da publicidade convencional, o live marketing envolve um consumo ativo de experiência de marca ou produto. O público-alvo deixa de ser apenas consumidor e passa a ser integrante ou coprodutor de conteúdo ou produto. O live marketing se aplica de três formas: eventos proprietários, compra de cotas de patrocínio em eventos de terceiros e ações de pequeno e médio porte no varejo.
Música e Entretenimento impulsionam o Live Marketing
Desde 2022, diversos festivais de música têm se destacado no Brasil, impulsionando o live marketing.
Festivais como ‘Rock in Rio’, ‘Lollapalooza’, ‘The Town’, ‘Tomorrow Land’ e ‘Capital Moto Week’ têm movimentado bilhões em ações de marketing e vendas, beneficiando setores como hospedagem, turismo e gastronomia.
O Capital Moto Week (CMW) é um case de sucesso no live marketing. Com 20 anos de história, o festival brasiliense, além de shows, oferece experiências imersivas, como tirolesa, bungee jump e roda gigante. O festival atrai não apenas motociclistas, mas um público diversificado. Com nove patrocinadores e 48 marcas, o CMW movimentou R$62 milhões na economia do Distrito Federal em 2023.
O live marketing se destaca como uma estratégia envolvente e rentável, impulsionando a economia do setor de eventos e proporcionando experiências únicas para o público consumidor. O uso da tecnologia, como inteligência artificial e realidade aumentada, promete potencializar ainda mais essa modalidade no futuro.
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