A IA nos tempos de comunicação
Em um primeiro olhar já não dá para ter certeza de que determinada imagem é de um fotógrafo, de um desenhista ou se foi criada por inteligência artificial. No caso de um texto, também fica difícil saber se foi mesmo um jornalista ou redator quem produziu um artigo ou uma matéria jornalística. Mas, basta um pouco mais de atenção para perceber que a IA ainda tem muito o que aprender conosco.
Texto por Vanessa Brollo
OK! A imagem está ali, é perfeita! O texto tem a gramática correta e é repleto de informações. Mas, e a emoção? A dúvida? A provocação? Esses sentimentos a IA ainda não consegue alcançar. Outro dia me vi “refém” de um texto produzido por IA. Era algo trivial sobre o uso de proteínas no dia a dia. O “autor” falou, falou e não disse nada. Sabe quando você termina de ler algo e percebe que não aprendeu nada? Foi assim que me senti…
O início da IA
Assim que surgiu o Chat GPT eu não queria nem saber do que se tratava. Achava um absurdo um jornalista ter que usar esse tipo de ferramenta, mas na correria do dia a dia, acabei usando. E percebi que pode sim ser uma ferramenta muito útil para quando dá um branco, para quando você precisa substituir uma palavra ou quando precisa de um início de texto, mas só.
Sim, é um caminho sem volta e, infelizmente, vai ter profissional produzindo e vendendo blogs, sites de notícias e outros tipos de publicação feitas só com IA e correndo o sério risco de divulgar informações falsas e até perigosas. Pior do que isso, contribuindo para o emburrecimento da profissão e da população em geral.
Mas, ao invés de temer a concorrência desleal, o momento para nós, profissionais de comunicação, é de reinvenção. Existem habilidades que nenhum robô vai reproduzir como a criatividade, a narrativa e a capacidade de estabelecer conexões emocionais com o público.
A IA e a natureza humana
Só nós vamos perceber quando a emoção surgir durante uma entrevista. Só nós teremos a capacidade de nos identificar com situações e histórias e também nos emocionar. Essa é a natureza humana.
É a partir desses sentimentos que surgem os textos inspiradores e verdadeiros, que tocam o coração de outros seres humanos. Um texto, um roteiro ou a captação de uma imagem é resultado de uma bagagem cultural e emocional que carregamos. Da sensibilidade para a notícia e a curiosidade sobre a informação.
Que venha a IA e outras tecnologias para somar. Não devemos temer, mas usar como uma ferramenta a mais com potência para auxiliar a correria do dia a dia redacional.
* Vanessa Brollo é jornalista há mais de 30 anos e atua como assessora de imprensa na Smartcom Inteligência em Comunicação.
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