
Marcas de luxo apostam em brand experience para fortalecer vínculos com consumidores
Em um cenário econômico global marcado por tensões comerciais e “tarifas”, como as recentes medidas de Donald Trump, marcas de luxo enfrentam desafios significativos, incluindo aumento de preços, barreiras comerciais e um consumidor mais cauteloso. Apesar da frieza dos números cambiais e das tarifas parecer desafiar o glamour intrínseco dessas marcas, especialistas apontam para uma estratégia que transcende o produto: o poder das experiências de marca personalizadas e imersivas.

Paula D’Almeida, CMO e cofundadora do Grupo if, destaca que, em momentos de incerteza, a lógica puramente transacional se fragiliza.
“A lealdade construída apenas sobre o acesso a um item pode vacilar diante de um aumento de preço, dificuldades de importação e até sua banalização. É preciso mais. E é aqui que as experiências de branding personalizadas e imersivas mostram seu imenso valor”, afirma D’Almeida.
Construindo relações além da compra
Apesar dos obstáculos impostos por impostos e barreiras, o brand experience oferece uma oportunidade única para as marcas de luxo criarem laços emocionais duradouros com os consumidores.
“Trata-se de aproximar o público através de ativações que incentivam a participação, a interação e a criação de memórias afetivas. Em vez de dependerem apenas da força de seus produtos, as empresas de luxo estão investindo em gerar vínculos diretos que reforcem seus valores, propósito e identidade.”, afirma Paula D’Almeida.

Um exemplo notável dessa tendência é o retiro de luxo inaugurado pela Dior. A marca foi além de uma simples ativação, desenvolvendo um espaço que reflete sua identidade com sofisticação, atenção aos detalhes, estética impecável e inovação tecnológica. Essa abordagem contribui para um valor que vai muito além da precificação do produto.
“A beleza dessa estratégia reside exatamente em sua capacidade de ressignificar o valor da empresa. Quando uma pessoa vivencia uma interação impactante, que dialoga com suas aspirações e emoções, a marca deixa de ser apenas um logotipo em um produto e se transforma em parte da sua história pessoal. Esse elo emocional é um ativo poderoso, capaz de manter o desejo e a relevância mesmo quando o acesso físico ao produto se torna mais complexo.”, completa a cofundadora do Grupo if.

No Brasil, observa-se um movimento semelhante. A Tiffany & Co, por exemplo, criou o Blue Box Café, uma cafeteria inspirada no icônico filme “Breakfast at Tiffany’s”. Essa iniciativa demonstra como a marca busca conceber um universo aspiracional, convidando o público a imergir em sua narrativa e sentir sua essência, indo além da simples exposição de joias.
Quebrando obstáculos e exportando sensações
Para Paula D’Almeida, enquanto as tarifas buscam limitar a circulação de bens, ativações bem planejadas e executadas com maestria têm o poder de dar um sentido mais profundo às marcas de luxo.
“Elas reforçam a ideia de que o verdadeiro luxo pode residir não apenas na posse, mas na vivência. É uma mudança de paradigma: pensar menos em exportar produtos e mais em exportar sensações, narrativas e emoções, ressalta.
Desta forma, conclui ela, o brand experience emerge como um pilar estratégico fundamental para o relacionamento e a construção de marca a longo prazo. Em um mundo frequentemente pragmático e volátil, apostar na emoção, na experiência compartilhada e na criação de laços genuínos se mostra uma resposta profundamente humana e incrivelmente eficaz, criando conexões que são “à prova de qualquer crise”.
Fotos: Divulgação