
Marcas destinaram R$ 100 bilhões a experiências em 2024
O setor de Live Marketing, responsável por criar “experiências de marca”, manteve sua posição de destaque entre as estratégias preferidas das empresas em 2024, quando o assunto é marketing e comunicação. Segundo o Anuário Brasileiro de Live Marketing 2024-2025, recém-lançado, os investimentos em ativações e eventos para fortalecer marcas, produtos e serviços ultrapassaram a marca de R$ 100 bilhões.
Publicado desde 2012, o Anuário apresenta relatórios detalhados sobre o desempenho de agências e fornecedores especializados, abordando ações que conectam marcas a seus públicos em ambientes digitais e presenciais. A edição mais recente entrevistou 200 representantes de agências de Live Marketing e 50 diretores de agências do Sul, Sudeste e Nordeste. As empresas participantes foram categorizadas com base em faturamento e número de clientes atendidos.
Os números englobam uma ampla gama de investimentos em atividades relacionadas a eventos e ativações, incluindo compra de cotas de patrocínio, locação e montagem de espaços, projetos cenográficos, arquitetura, engenharia civil, equipamentos de áudio e iluminação, painéis de LED, serviços de credenciamento, RSVP, fotografia, radiocomunicação, mobiliário, paisagismo, produção de vídeos, logística para reuniões, alimentação, recursos tecnológicos, geração de energia, neutralização de carbono, atrações artísticas, cachês de equipes e artistas, brindes, limpeza, segurança, ECAD e seguros.
O montante registrado em 2024, que alcançou o mesmo patamar histórico de 2023, é o maior desde que a AMPRO (Associação de Marketing Promocional) começou a medir o setor em 2003. O desempenho reafirma a força do Live Marketing, especialmente após o impacto da pandemia em 2020, quando o segmento foi paralisado. No período pós-pandemia, ações promocionais e eventos não apenas retomaram seu espaço, mas ressurgiram ainda mais fortalecidos, consolidando-se como pilares estratégicos para empresas.
Presencial com digital é a “tempestade perfeita”
“Os executivos de marketing perceberam a importância do brand experience para construção de marcas numa jornada que começa on-line, mas que não funciona sem uma ação presencial. Por isso, os investimentos em estruturas físicas dispararam”, explica Julio Feijó, editor do Anuário e CEO da JF Consultoria, responsável pela direção da pesquisa.
“As ativações presenciais aliadas ao digital formam o vetor de eficiência da nova comunicação”, continua o especialista da área de Live Marketing, que explica o fenômeno. “A experiência ao vivo – que é o que todo mundo busca – é a melhor forma de marcas e produtos obterem atenção das pessoas para transmitirem seus valores. E o digital, principalmente pelas redes sociais, amplifica organicamente. É a tempestade perfeita”, acrescenta Feijó.
Assim, os encontros “olho no olho” entre marcas e pessoas têm se destacado em diferentes contextos, reforçando a conexão entre público e empresas. Um exemplo recente é o sucesso de grandes festivais, como o The Town, onde os espaços das marcas se transformaram em verdadeiras atrações, complementando a experiência do público além dos shows. Esses ambientes proporcionam ativações inovadoras e imersivas, fortalecendo o vínculo emocional com os consumidores.
Ativações de marcas acontecem em todas as regiões do Brasil
O calendário de eventos do Ministério do Turismo registrou um aumento de 254% no número de festividades cadastradas, criando um ambiente propício para ações de marcas em camarotes de carnaval, eventos esportivos e corporativos. Essas iniciativas não apenas promovem o engajamento do público, mas também fortalecem a fidelidade e o empoderamento dos consumidores.
Além disso, as marcas ampliam o impacto dessas ações com promoções e sorteios, que movimentam o estoque tanto no marketplace quanto nos pontos de venda físicos. Paralelamente, as mega-ativações também impulsionam programas de incentivo, premiando colaboradores e parceiros comerciais com experiências exclusivas em eventos, ao atingirem metas de desempenho.
Seja combinando estratégias ou trabalhando-as separadamente, assim, essas iniciativas desempenham um papel crucial no aquecimento dos negócios, na geração de vendas e na fidelização do público, consolidando a relevância do Live Marketing no mercado.
“Independentemente do formato, os eventos de todos os tipos, feiras de negócios, ativações e uma variedade imensa de atividades para visibilidade de marcas e interação com seus stakeholders voltaram para ficar e isso vem gerando uma oferta de briefings como nunca se viu, com as casas e espaços de eventos sem datas, camarotes em estádios com filas de espera, além dos custos de serviços diversos e mão de obra com elevação acima dos 50%”, destaca Feijó.
Investimento em ativações e eventos deve dobrar de tamanho até 2025
O especialista Julio Feijó destaca que o setor de Live Marketing ainda tem um grande potencial de crescimento, mas ressalta a necessidade de maior organização. Segundo ele, os investimentos em estruturas físicas que imergem o consumidor no universo da marca estão apenas no início. Apesar de já terem transformado o mercado em uma indústria bilionária, essas iniciativas carecem de critérios mais claros, especialmente no que diz respeito à contratação de serviços. Feijó alerta que a falta de padronização pode limitar o desenvolvimento sustentável do setor e comprometer a qualidade das entregas.
“O melhor caminho é a soma de esforços e um diálogo mais amplo para melhorias deste mercado, que deve dobrar de tamanho nos próximos quatro anos”, conclui o editor do Anuário Brasileiro de Live Marketing.